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Autoescolas de SP afirmam que aulas teóricas remotas não estão funcionando no Estado

Autoescolas de SP afirmam que aulas teóricas remotas não estão funcionando no Estado



As dificuldades na execução das aulas teóricas remotas são várias: instabilidade de conexão, falta de suporte e erros técnicos. Essa afirmação é da Aesp e confirmada por vários instrutores ouvidos pela reportagem.

 Resumo da Notícia

  • Aulas teóricas na modalidade remota foram permitidas pelo Contran durante a pandemia.
  • Em São Paulo, são inúmeros os relatos de problemas enfrentados pelos CFCs.
  • A solicitação é que o Detran/SP autorize a aula presencial, mesmo com limitação reduzida.

A autorização do Conselho Nacional de Trânsito (Contran) para que as aulas teóricas sejam feitas na modalidade remota, enquanto durar a pandemia, tem como objetivo agilizar o processo de habilitação para que nem candidatos e nem Centros de Formação de Condutores saiam prejudicados. De acordo com relatos, porém, não é isso que está acontecendo em São Paulo.

As reclamações são inúmeras: instabilidade do sistema, falta de suporte e erros técnicos. Vários instrutores de trânsito do Estado, ouvidos pela reportagem, têm depoimentos muito parecidos. “No período da noite é praticamente impossível dar aula, pois não faz o reconhecimento facial dos alunos e quando consegue fazer no início geralmente não faz no final. Isso conta como aula perdida”, relata um dos instrutores ouvidos pelo Portal que pediu para não ter o nome divulgado.

O mesmo instrutor disse, ainda, que o curso teórico está sendo muito prejudicado.

“O curso que era pra durar 12 dias está levando mais de 20, devido à instabilidade na plataforma. Quando era presencial conseguíamos finalizar em nove dias, sem problemas”, conta.

Outros problemas

Simone Vantini, que também é instrutora de trânsito em São Paulo, diz que há uma semana não consegue abrir a aula. “A plataforma não roda, a gente liga no suporte, não atende. Quando atendem dizem que está com instabilidade, mas que vai voltar depois de 40 minutos. Não volta. Faz uma semana que não consigo abrir uma aula, muito menos concluir”, afirma.

Outra instrutora de trânsito que também relata diversos problemas enfrentados é Gisele Almeida. Um deles, segundo ela, é com a captação de imagens para biometria facial. “São somente cinco tentativas de reconhecimento facial do instrutor, se não consegue bloqueia a aula. Entrei em contato com a plataforma questionando essas cinco vezes que, para mim, é um absurdo. Em uma das aulas, o sistema tirou 193 vezes a foto e não consegui entrar na aula”, diz Almeida.

A profissional contou que as dificuldades acontecem, também, no meio da aula.

“Instrutores entram na plataforma iniciam a aula. No meio, o sistema derruba o instrutor, ou ainda, derruba todos os alunos da plataforma. Na semana passada ficamos da 07h da manhã até às 20h e não conseguimos ministrar uma aula”, argumenta.

Conforme os relatos, os alunos não compreendem que o problema é com a plataforma e com o Departamento de Trânsito de São Paulo (Detran/SP) e acabam culpando as autoescolas. “Tivemos que expor a realidade e mostrar aos cidadãos que é algo que foge da nossa vontade”, aponta Almeida.

A AESP, que é um movimento de autoescolas de São Paulo,  afirma que essa modalidade de ensino está sendo um caos para o setor e pede que o Detran/SP estude a possibilidade de autorizar o curso teórico presencial com restrições. Para a AESP, pode estar funcionando para alguns, mas deve ser acessível para todos.

Outro ponto de vista

Ainda que em menor quantidade, há relatos de profissionais que estão conseguindo dar aulas e gostando da modalidade remota. É o caso de Fabiano Leonel, de Indaiatuba.

Ele conta que o início foi complicado, mas que após a adaptação, aprovou o novo método de ensino. “Conforme fomos praticando, foi ficando mais fácil. Eu percebi que não é difícil e se você treinar bastante, em duas ou três aulas, já pega bem o sistema”, informou ao Portal.

O instrutor disse que os alunos também aprovaram o sistema. “A maioria dos meus alunos aprovou a aula remota, principalmente as mulheres. É só abrir o link, fazer o reconhecimento facial e começar a aula. Não precisa pegar Uber ou ônibus. É muito mais fácil”, acredita Leonel.

Fabiano Leonel atribui as dificuldades encontradas pelos outros CFCs a fatores externos.

“A internet no Brasil não é 100% confiável, tem muitas quedas e oscilações de sinais. Além disso, tem a questão estrutural do CFC. Ele precisa estar preparado, ter bons equipamentos e internet de alta velocidade. O computador precisa ter bastante memória. A plataforma passa a configuração ideal tanto do aluno quanto da autoescola”, acredita.

E o Detran/SP?

Entramos em contato com o Departamento Estadual de Trânsito de São Paulo (Detran/SP) e questionamos sobre as providências que estão sendo tomadas pelo órgão em relação às plataformas homologadas e também sobre a possibilidade da volta da aula teórica presencial, mesmo com turmas reduzidas.

Até o fechamento dessa reportagem o Detran/SP não respondeu as solicitações do Portal do Trânsito.

No site do órgão há um comunicado dizendo que devido a instabilidade na realização das aulas remotas de primeira habilitação, o sistema e-CNH passará por ajustes entre os dias 26 e 28 de agosto, visando melhorias na implantação da prova teórica.


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