Produção de veículos no Brasil cai 15,3% em 2014, diz Anfavea
Produção de veículos no Brasil cai 15,3% em 2014, diz Anfavea
A produção de veículos no Brasil caiu 15,3% em 2014, na comparação com o ano anterior, atingindo menor nível desde 2009, segundo dados divulgados pela associação de fabricantes (Anfavea) nesta quinta-feira (8).
No ano passado, foram montados no país 3,15 milhões de automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus, ante 3,71 milhões em 2013. No mesmo período, a queda nas vendas foi de 7,1%, percentual igual ao divulgado na última terça (6) pela federação dos concessionários, a Fenabrave.
Com isso, a indústria automotiva do país volta a um nível pouco superior ao registrado em 2009 – ano marcado pela crise econômica global, que estourou no final de 2008 -, quando foram montadas 3,07 milhões de unidades. O pico foi em 2013, com 3,71 milhões.
Em 2013, apesar de as vendas já terem caído em relação ao ano anterior, a produção bateu recorde. “O ano de 2013 foi fora curva, pois teve um estímulo de financiamentos muito grande”, explicou Luiz Moan, presidente da Anfavea.
Efeito Argentina
Contribuindo para a baixa nas vendas e na produção, as exportações de veículos despencaram 40,9%, com 334.501 unidades, contra 566.299 em 2014. “Isso ocorreu pela queda de exportações à Argentina. O país teve queda de 29,9% no mercado interno de veículos”, afirmou o executivo.
Demissões
Embora a indústria não admita os cortes, o nível de emprego retornou ao mesmo patamar de dezembro de 2011, com 144,6 mil funcionários. A redução é de 7,9% em 12 meses: 157 mil trabalhavam diretamente no setor no final de 2013. A Anfavea ainda vê como um caso isolado as 800 demissões anunciadas na fábrica da Volkswagen em São Bernardo do Campo (SP).
“O que está acontecendo é um processo de negociação individual, entre a Volkswagen e seus trabalhadores, para um novo acordo trabalhista. Foi fechado, mas não houve aprovação da assembleia de trabalhadores”, disse Moan.
“A Volkswagen não fará demissões em janeiro, está prevendo uma licença remunerada de 6 de janeiro até 6 de fevereiro. Não haverá demissões em janeiro, essas 800 pessoas terão um prazo de licença remunerada até o início de fevereiro. Neste período, se for aceito o acordo, pode ser que não ocorram estas demissões”, completou.
Segundo o executivo, que é funcionário da General Motors, dona da marca Chevrolet, “não há expectativa de corte iminente” nas demais associadas à Anfavea. Mas a Mercedes-Benz confirmou na última terça-feira o desligamento de 160 funcionários, também no ABC paulista – outros 100 colaboradores aderiram a um plano de demissão voluntária.
Fim de ano
Em dezembro, com o período de férias coletivas nas fábricas, a produção teve forte queda de 23,1% ante novembro, com 203,8 mil unidades, e 11,8% na comparação com o mesmo mês de 2013, quando foram montados 230,9 mil veículos.
Os estoques, que estiveram altos ao longo do ano, caíram de 414,3 mil unidades no pátios de montadoras e concessionárias, em novembro, para 351 mil, em dezembro. Mesmo assim, o volume no final de dezembro é sufuciente para 28 dias de vendas no ritmo atual, ante 42 dias no final de novembro, diz a Anfavea.
Por categorias
O setor de caminhões foi o que mais encolheu, com 25,2% a menos de unidades produzidas no país. Em 2013, foram 187.089 veículos pesados, ante 139.965 no ano passado.
Com volume menor, a área de ônibus caiu 17,9%, atingindo patamar de 32,9 mil unidades em 2014. A indústria de carros e comerciais leves perdeu 14,7%, com 2,9 milhões de unidades, ante 3,4 milhões em 2013.
Expectativa
Como previsão, a entidade espera alcançar 3,276 milhões de unidades produzidas em 2015, uma elevação de 4,1% em relação ao ano passado. Já para os licenciamentos, é aguardado o mesmo patamar de 2014, embora a associação de concessionários (Fenabrave) tenha estimado queda de 0,5%. As exportações devem ter uma leve recuperação, de 1%, segundo as fabricantes.
“O impacto do aumento do IPI está em nossa projeção, mas temos expectativa grande sobre nova legislação do financiamento, sobre a retomada do bem. Esperamos que isso faça que o sistema bancário volte a financiar”, apontou o presidente da Anfavea.
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