Transportadores são prejudicados por burocracia nas fronteiras
Transportadores são prejudicados por burocracia nas fronteiras
Transportadores brasileiros ainda sofrem com a falta de integração entre os países que compõem o bloco econômico (Argentina, Brasil, Paraguai, Uruguai e Venezuela) mesmo depois de 25 anos de criação do Mercosul. Entraves nas fronteiras com a liberação de cargas prejudicam principalmente a circulação de caminhões nos países latino-americanos. A burocracia leva motoristas a esperar até cinco dias nas aduanas.
O Mercosul foi criado em 1991 com o objetivo de instituir um mercado comum e proporcionar a livre circulação de capitais, serviços e pessoas entre os países-membros. No entanto, segundo Pedro Lopes, presidente da Fetrancesc (Federação das Empresas de Transporte de Carga e Logística no Estado de Santa Catarina) e coordenador do capítulo do Brasil na CIT (Câmara Interamericana dos Transportes), não houve avanço nesse período. “Não há regramento nem fronteira livre como há na União Europeia. Os países que fazem parte do bloco têm legislações diferentes, o que torna o tempo de espera no transporte de mercadorias elevado”, afirma em entrevista à Confederação Nacional do Transporte (CNT).
Lopes debateu a questão na Geral Extraordinária da CIT, no México, no início deste ano. Para ele, é preciso criar um novo acordo que estabeleça as relações de transportes entre os países. “Os prejuízos gerados pelas barreiras comerciais entre os países-membros do bloco são inestimáveis. A saída é começar do zero. É preciso deixar as regras claras para todos os países que compõem o Mercosul para evitar entraves na hora da travessia ”, aponta.
A falta de integração também é uma queixa de transportadores internacionais. Eles sofrem com a demora nas entregas, pois precisam esperar por um longo período a liberação nas fronteiras.
O comércio dentro do Mercosul cresceu mais de 12 vezes, saltando de US$ 4,5 bilhões, em 1991, para US$ 59,4 bilhões, em 2013. Para ter a carga liberada em Uruguaiana (RS), a situação é bem mais complicada. Um caminhão, ao entrar ou sair do país, precisa passar duas vezes por processos de liberação, na aduanas brasileira e argentina, o que atrasa as entregas.
De acordo com o auditor fiscal e coordenador geral de administração aduaneira da Receita Federal, José Carlos de Araújo, grande parte do tempo de espera ocorre devido à demora na entrega da documentação pelo importador ou despachante. “No Rio Grande do Sul, o tempo médio entre o registro da declaração e o desembaraço do processo na importação é de 29 horas. De 10% a 20% do tempo de espera é relativo ao trabalho da Receita Federal. O restante está nas outras etapas”, defende o auditor.
A esperança dos transportadores é a elaboração de um sistema de controle de informações que integra todos os órgãos responsáveis pelas fronteiras e que vai possibilitar agilidade e integração. O sistema deve passar a funcionar no ano que vem.
Para o vice-presidente da ABTI (Associação Brasileira de Transportadores Internacionais), Glademir Aroldi, os avanços nesses 25 anos do Mercosul foram poucos. “Talvez eles não foram tantos quanto desejamos. O Mercosul, para manter-se, deve garantir a integração. Precisamos enxergar as diferenças, enfrentar as dificuldades e criar condições para diminuir as assimetrias e superar os problemas entre os países. Ainda lidamos com egos que necessitam ser deixados de lado em prol do fortalecimento do bloco”, reforça. De acordo com Aroldi, o Mercosul sobreviveu a várias avalanches de instabilidades, sofreu com os problemas políticos de cada um dos países e sentiu os reflexos das crises mundiais, como a de 2001 (11 de setembro) e a de 2008 (crise dos subprimes, as hipotecas de risco). A expectativa para os próximos anos é de que haja mais integração e equilíbrio econômico nos países do bloco e mais confiabilidade entre os órgãos públicos envolvidos.
Fonte: Radar Nacional
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