Transporte público está à beira de um “colapso”, segundo NTU
Transporte público está à beira de um “colapso”, segundo NTU
Na mesma linha de outros setores como o movimento em rodovias concedidas à iniciativa privada, o uso do transporte público tem registrado constantes quedas nas capitais brasileiras. O setor amarga uma redução de 687 mil usuários por dia. Por ano, são 215 milhões de passageiros a menos transportados. Somado a outros fatores, o serviço está à beira de um colapso.
De acordo com a Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU), o cenário representa um prejuízo de R$ 680 milhões em 2015. “O que estamos vivendo é um fenômeno. Em nosso setor, nem sempre que há dificuldade econômica ocorrem perdas. Ao contrário, costumamos ter até ganhos na demanda, já que algumas pessoas, em geral, migram do carro para o ônibus. Mas, dessa vez, o nível de atividade econômica caiu muito, com inflação altíssima e desemprego histórico. Esses fatores, somados aos problemas da mobilidade urbana, explicam essa queda”, destaca Otavio Cunha, presidente da Associação.
Para o especialista, a falta de subsídios para o custeio da operação e de recursos par investimentos em infraestrutura somam-se à crise econômica e país num conjunto que desfavorece o setor. Muitas empresas passam por dificuldades financeiras e, em consequência, oferecem serviços de má qualidade aos usuários.
“Faltam políticas públicas que valorizem o transporte público. A única forma de transformar a crise em oportunidade é olhar com mais atenção para o setor e pensar em um fundo nacional. Atualmente, todo o custo da operação é repassado ao preço da tarifa e isso tem provocado reações da sociedade, com manifestações de movimentos sociais e até ações públicas na Justiça. Acuados com essa lógica, prefeitos não fazem os reajustes necessários e as empresas não conseguem reagir. Temos de sair desse ciclo”, ressalta Cunha.
Previsões
As previsões para 2018 preocupam empresários de todo o país. Nos últimos dois anos, houve queda expressiva na demanda por passageiros em Curitiba (-8%) e Goiânia (-7,9%).
Na capital paranaense, onde 32 empresas empregam 17 mil trabalhadores, a falta de subsídios, a gratuidade nas passagens e o reajustes tarifários comprometem a receita, o que causa o desequilíbrio nas contas das empresas que tem dificuldades em manter as linhas.
A falta de competitividade do transporte público em relação ao particular também figura entre os obstáculos, na avaliação do presidente do Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo Urbano de Passageiros de Goiânia, Décio Caetano: “Até pouco tempo atrás, a economia estava bem ativa. Com as boas condições do crédito, as pessoas estavam deixando o ônibus e migrando para o carro. Com a crise, veio o desemprego e mais pessoas deixaram de usar o transporte público. No entanto, mesmo com o preço alto da gasolina, andar de carro ainda é considerado mais vantajoso, ao menos do ponto de vista financeiro”.
Mesmo com um reajuste tarifário de 12%, o transporte público na capital goiana não resolveu a situação financeira das empresas. “Não adianta, é preciso investir no sistema de transporte público para atrair mais passageiros. E está claro, pelas manifestações populares de 2013, que a população está no limite quanto ao preço da tarifa. Há um ciclo vicioso que não será resolvido apenas com a passagem”, sustenta Décio.
Pior ainda é o cenário no Rio de Janeiro. Desde abril do ano passado, cinco empresas foram fechadas e 2 mil pessoas foram demitidas.
Fonte: Radar Nacional
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